
Vamos aos fatos:
A primeira parada foi na Avenida das Américas, num cruzamento de retorno, em frente ao Bosque da Barra, onde ocorrem colisões e atropelamentos, considerados pelos técnicos, fruto da imprudência dos acidentados.
Esquecem-se, por inexperiência, que a única lei que pedestre ou o motorista obedecem é a “Lei do menor esforço”. É necessário, por conseguinte, que a autoridade responsável leve este ponto chave em consideração e tome providências para que eles desobedeçam a lei citada. Note-se, por necessário, que o local está com uma sinalização luminosa e horizontal, impecáveis, inclusive com uma iluminação especial para, durante a noite, tornar o pedestre visível, em destaque. Então, por que ali é um ponto crítico?
Pelo simples fato de que o BRT é silencioso e não provoca a atenção que merece, como um legítimo “trem de superfície” sobre pneus que é. Precisa, por conseguinte, que ali e em todos os seus cruzamentos exista, como nas passagens de nível com os trens, uma sinalização de alerta sonora e com luzes vermelhas piscando. Também observei quão ridícula e ineficaz é o bloqueio das pistas por onde circula o mortífero BRT, sempre na velocidade limite da via em que circula, no caso da Avenida das Américas, 80 km/h.
Sugeri que se instalasse, ao longo de todo seu percurso, uma defensa, tipo “Box Beam”, que consiste num corrimão de um metro de altura com uma largura de 0,18 m, compatível, portanto, com os atuais ineficazes blocos de concreto, e capaz de ser aberta nas suas secções de 4 metros de comprimento, facilitando a remoção de algum BRT enguiçado.
É claro que os técnicos conhecem este tipo de defensa, constante dos manuais de sinalização americanos mas, infelizmente, são caras pois feitas de aço assim devem ser. Preferiram o que fizeram, bem mais barato e incapazes de proteger a vida humana, esta sim, sem preço.
O transeunte entrevistado, cuja resposta mereceu destaque, empatou comigo quanto ao perigo do silêncio do BRT. Ainda bem.
Deslocamo-nos, depois, para área da Taquara, exatamente no cruzamento entre a rua Marechal Beviláqua e a Avenida Nelson Cardoso, onde ocorrem atropelamentos. Ali acertaram no diagnóstico mas erraram na dosagem do remédio. Colocaram ao longo da linha, além dos bloquetes inúteis de concreto, uma cerca com o propósito de evitar a travessia dos pedestres, esquecidos que eles se comportam como primatas e destroem o que podem para cumprir a “Lei do menor esforço”, mesmo que ela lhes seja letal. Deve ser colocada uma cerca a prova de vandalismo, que pode ser subsidiada por anúncios.
O sinal para travessia de pedestres, corretamente, para que ela seja feita em dois tempos, para o pedestre que está na avenida Nelson Cardoso, abre apenas 10 segundos para quem está do lado direito da saída da rua em questão. Não dá tempo para o deficiente, daí as mortes.
O repórter entrevistou um guia de cego, que acabava de atravessar o deficiente naquele sinal curto de tempo e, mais uma vez, empatou comigo.
Também empatou com a minha observação de que havia ali, a necessidade de um orientador de tráfego, permanentemente, em face de ser um conflito entre duas vias com um tráfego bem complicado. Embora, com a exceção do tempo curto de um tempo de sinal, a sinalização é bem projetada.
Quanto às respostas da CET Rio pelas deficiências apontadas, destaco a afirmação de que a inexperiente e terceirizada equipe que deve orientar o trânsito em lugar da PM, que seria exercida por profissionais, está presente em todos os pontos de conflito. Na manhã de nossa inspeção não se viu nenhum operador em ação ou presente ao longo de todo o nosso percurso.
Tudo que aqui narrei acontece pelo maldito hábito de administrar o trânsito em frente das telas de TV, ou de seus computadores. A administração operacional do trânsito exige a presença “in loco”, auscultando o usuário porque, afinal de contas, na prática, a teoria é diferente.
Fonte: Jornal do Brasil.
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